Resenhas

7° postagem: resenha Para Continuar

img_8396-1Konnichiwa leitores,

Nunca subestime as pessoas no metrô. Nunca deixa de trocar um olhar encantado com alguém que achou bonito pelos vagões. Ouse. Foi na ousadia de sentar ao lado de Ayako e perguntar qual música estava escutando durante a viagem que Leonardo embarcou na maior aventura de sua vida.

O narrador da história é Leonardo César. Apesar da normalidade do seu dia a dia, ele é obrigado a conviver com um problema que acompanha todos os seus passos, todas as horas, todos os segundos. Por baixo da pele adolescente, há uma doença que ameaça seu coração. Diagnosticado com cardiomiopatia dilatada idiopática bem jovem, Leo tenta viver seus dias como se nada estivesse acontecendo embaixo da sua epiderme, mas tudo muda quando, entre as estações antes da estação Liberdade, ele bate o olho em um jovem japonesa com lindos olhos de mangá.

“Eu poderia dizer que nossa experiência é curta demais para perdermos um minuto que seja, mas todo mundo fala isso uma vez na vida e soaria normal demais. Se bem que, de todas as pessoas que conheço, sou o único que tem razão pra tratar isso como lema.” Pág. 95

Ayako Miyake é uma menina de descendência japonesa que é criada por seu ojisan, avô em japonês, que também é tutor de um jovem chinês chamado Ho, que tem uma síndrome que impede seu amadurecimento conforme vai crescendo. Ayako e seu avô guardam à sete chaves o porão da loja de lanternas que têm no bairro da Liberdade. Nesse lugar eles guardam o segredo da família, diversas lanternas japonesas que aparentemente têm luz própria.

Leonardo tenta se aproximar da jovem indo até sua loja, mas quando chega lá, Ho dificulta um pouco as coisas, apresentando um grande ciúmes de Ayako. Porém, Leo não percebe que ao se aproximar do chinês, também está atiçando algo muito maior: a máfia oriental, e em um momento do livro ele descobre isso da pior forma possível.

A maior parte do livro é narrada no bairro Liberdade, apresentando todos seus traços tão destacados e a história da comunidade oriental que se instalou na região. Entramos em contato com a cultura, com os objetos e com as tradições dos orientais, passando por jogos, lanternas, sandálias de madeira e até o ato de cumprimentar. A personagem Ayako sai dos padrões literários por ter essa descendência, seus olhos de puxados e cabelos longos e lisos que se misturam ao cabelo desgrenhado de Leonardo.

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Porém, Felipe Colbert, o autor, vai muito além desse romance. Ele tem espaço para tudo. Aborda a doença de Leonardo e dá algumas páginas para a raiva que o jovem sente ao saber que seu melhor amigo está saindo com sua ex namorada. Ele mostra o amor do dois nascendo em uma pedalada no Parque do Ibirapuera e nos impacta com cenas chocantes de dor, agonia, violência e tensão.

Dessa forma a leitura torna-se leve e prazerosa, contornando a vida do narrador Leo e os pensamentos de Ho e Ayako. Os capítulos são curtos e rápidos, iniciados com um desenho das lanternas japonesas. As 221 páginas acontecem muito rápido, pois logo depois que o capítulo acaba, você quer saber o que vai acontecer depois.

Já teve mais um resenha do Felipe Colbert no blog antigo, do incrível e inesquecível Belleville! Confira em: http://livronasferias.blogspot.com.br/2016/02/45-postagem-resenha-belleville.html

Passagens Favoritas

“-Kon’nichiwa?
-“Koninchivá” pra você também!- digo, num reflexo.” Pág. 100

“Seus dedos tocam logo abaixo da minha orelha e meu e meu corpo estremece em todos os degraus. Ela acaricia meu rosto, a barba por fazer. Eu abaixo sua mão e entrelaço meus dedos nos dela. Não sei se ela sabe, mas é um sinal de que desejo entrelaçar nossas almas, junto.” Pág. 108

“Com o salto alto, tudo nela fica empinado. E com toda essa produção, suspeito que meu pai, quando se levanta do sofá, está se recordando de algum dia no passado, algum dia importante, que faz com que seus olhos brilhem agora” Pág. 162

Espero que tenham gostado
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Muitos beijos
C.S.

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