Resenhas

6º postagem: resenha As Crônicas de Bane

img_8243MAGNUS BANE MELHOR PESSOA DO MUNDO!!
Um ótimo jeito de começar essa resenha.

Para quem não conhece, Magnus é uma das personagens da autora Cassandra Clare e aparece em suas duas coleções, Os Instrumentos Mortais e Peças Infernais. Ele é um feiticeiro, atualmente considerado o Alto Feiticeiro do Brooklyn, e não sabemos exatamente sua idade, pois vive mudando o dígito dependendo da situação. Mas, considerando que a primeira história se passa em 1791, devemos acreditar na sabedoria da personagem.

O livro é um spin-off que conta as andanças de Bane pelo mundo e também dá uma outra visão das histórias e tretas que já conhecíamos. Vai desde o grande mistério do porquê ele não pode entrar no Peru, até uma narrativa relacionada ao Círculo dos Caçadores de Sombra em ação.

Durante a leitura nos deparamos com a parte mais fantástica do mundo literário: referências. Quem já leu as outras séries da autora vai ficar maravilhado, arrepiado e emocionado com as ligações relacionadas à famílias, personagens e acontecimentos que encontramos.

“-Nada permanece- disse Magnus- Sei disso por experiência própria. Mas você pode conseguir coisas novas. Pode conhecer pessoas novas. Pode seguir em frente.” Pág. 184

A impressão que tive do feiticeiro nos outros livros era de um cara decidido, confiante, popular e independente, que não precisava de ninguém para fazê-lo feliz. Porém, como esse livro é voltado totalmente para Magnus, o narrador onisciente nos conta como são as emoções profundas e pensamentos guardados do mago, além de suas inseguranças. Bane é um cara intenso, apaixonado e apaixonante, que em meio a festas e farra, procura parceiros para um noite louca, mas também olhos sinceros para uma vida.

Ele também afoga as mágoas dele em bebida, ele também chora pelo amor perdido, ele também se preocupa se o encontro vai ser legal. Ele é uma pessoa como nós. Mas, é claro, usa seu tempo livre para invocar demônios para empresas, resgatar lobisomens, lidar com vampiros drogados e adolescentes folgados. O leve dedilhar de seus dedos no ar indica uma magia poderosa sendo feita. O azul tão marcante do poder de Magnus contrasta com seus olhos amarelos em forma de fenda, característica que mostra seu lado mágico.

O início de cada capítulo tem um anime ilustrado por Cassandra Jean com uma parte de cada história. O personagem Magnus nas tirinhas não é japonês como na capa, mas ai vai da imaginação de cada um. O filme e a série Shadowhunters do Netflix representam o feiticeiro como oriental, mas durante a leitura sua imagem pode ser diferente. E para os curiosos, a capa do livro não é o ator Godfrey Gao, do filme. Cassie respondeu essa pergunta dizendo que:

“Não só Godfrey é uma pessoa muito cara para contratar, mas os estúdios de filmes e redes de televisão são donos da imagem da personagem.”

Um ponto especial do livro é o motivo de sua publicação. Magnus é um personagem bixessual que, nas épocas mais recentes, retratadas nos livros da série Os Instrumentos Mortais, começa a se relacionar com Alexander Gideon Lightwood, filho mais velho de uma tradicional família caçadora de sombras. O relacionamento dos dois ajudou muitas leitores com seus problemas relacionados a sexualidade, desde aceitação até falar com os pais, pois Magnus não tem problemas em se afirmar gay despois de séculos vivendo pelo mundo, mas o contexto familiar de Alec é complicado. A dedicatória já expressa isso:

“Este livro é para todas as pessoas – elas sabem quem são- que escrevem cartas e e-mails para mim e vão a sessões de autógrafo para dizer que Magnus e Alec são muito importantes para elas. Assim como Magnus, vocês não mágicos e são heróis.”

Pessoas amam a relação dos dois e amam o fato dos dois serem um casal tão especial durante o livro, mostrando que mesmo com todas as dificuldades do mundo LGBT, o amor vai vencer, como vence em qualquer outra relação.tarot_runes_4

Os contos começaram a ser publicados mensalmente nos USA em formato e-book e tiveram a parceria das escritoras Sarah Rees Brennan e Maureen Johnson. A versão impressa com todos os contos foi publicada em 2014, seguindo a tradicional capa holográfica dos livros de Clare. Os títulos são como os do Titio Riordan: “O que realmente aconteceu no Peru; A rainha fugitiva; Vampiros, bolinhos e Edmund Herondale; O Herdeiro da Meio-Noite; Ascenção do Hotel Dumort; Salvando Raphael Santiago; A queda do Hotel Dumort; O que comprar para um Caçador de Sombras que já tem tudo (mas que você não está namorando oficialmente); A última batalha do Instituto de Nova York; Os rumos do amor verdadeiro (e os primeiros encontros); O correio de voz de Magnus Bane.”

“- Não existe a chance- perguntou Magnus, sem muita esperança- de que você seja um bom garoto que acha que é amaldiçoado e precisa se empenhar em parecer odioso para poupar aqueles ao redor de um terrível destino? Pois soube que isso acontece.” Pág. 133

Além de histórias inspirados no mundo fantástico de Cassandra, os contextos das outas narrativas também alcançam a realidade. Um se passa durante a Revolução Francesa, o outro na crise de 29 nos USA e outro durante a epidemia de AIDS na América e todo o contexto preconceituoso que a desconhecida doença recebia.

É com grande pesar que coloco esse livro purpurinado e mágico na minha estante, mas é bom vê-lo brilhando ao lado dos outros. Uma leitura fluída, gostosa e mágica transborda das páginas dAs Crônicas de Bane. Um livro repleto de risadas e perdas de fôlego, memórias e novidades. Um livro para quem já faz parte do Submundo e para aqueles que querem entrar.

Passagens favoritas

“Chafurdar era tarefa para elefantes, pessoas depressivas e elefantes depressivos.” Pág. 40

“Atualmente, cada vez que um rosto, olhar ou gesto chamava a atenção de Magnus, também despertava em seu peito um refrão, uma canção em ritmo insistente como o de suas batidas. Talvez desta vez, talvez esta pessoa.” Pág. 93

“[…] Eles se amaram em tempos de criaturas mecânicas, antes das guerras mundanas. Naquela época parecia haver mais tempo, tempo para ocupar, tempo para gastar. E eles preencheram esse tempo. E o gastaram.” Pág. 248

“Magnus olhou para a marca queimada no teto. Antigas feridas. Nada nunca passava de fato.” Pág. 264

“-Estou lutando por um mundo melhor para mim e para meu filho- disse a mulher chamada Maryse.
-Não tenho o menor interesse no mundo que você quer- respondeu Magnus.- Ou no seu pestinha, sem dúvida repulsivo, devo dizer.” Pág. 320

Espero que tenham gostado
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Muitos beijos
C.S.

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